
Na Faria Lima, ativos sem gestão profissional continuam desocupados
Informalidade ainda trava ocupação e rentabilidade de edifícios corporativos até nos endereços mais valorizados
Por Julia Botelho
Um dos principais e mais disputados polos corporativos de São Paulo e da América Latina, a Avenida Faria Lima registra a menor taxa de vacância da cidade, alcançando apenas 4,5% nos ativos middle market (classes B e C). No entanto, um dado de junho, extraído da plataforma de pesquisa Buildings, chama a atenção: cerca de 92% desses imóveis desocupados na região pertencem a investidores pessoas físicas.
Esse recorte revela uma questão recorrente no mercado imobiliário: a gestão inadequada de ativos por proprietários que ainda adotam práticas informais e reativas. Mais do que a simples tarefa de emitir boletos e administrar burocracias, é preciso estar atento às tendências do mercado, compreender os movimentos da região, manter um bom relacionamento com os inquilinos e se antecipar a situações que possam impactar o desempenho do ativo. Isso envolve ações estratégicas de preservação e posicionamento do imóvel, além de uma visão contínua dos ciclos do mercado.
É comum ouvir de proprietários a frase: “se está alugado, está bom”. No entanto, essa percepção pode esconder oportunidades perdidas de rentabilidade. Um imóvel locado por R$50/m² pode parecer satisfatório, mas, se o valor médio na região for de R$75/m², há um potencial de retorno não explorado.
Por outro lado, mesmo um imóvel alugado por R$100/m² pode enfrentar riscos. Em regiões com aumento de novos empreendimentos e vacância crescente, os inquilinos tendem a migrar para opções mais modernas e vantajosas. Isso pode resultar em unidades desocupadas por longos períodos, que exigem reformas e continuam gerando despesas com IPTU e condomínio. A ausência de receita, somada à vacância prolongada, pode ainda contribuir para a desvalorização do imóvel no mercado.
A gestão ativa e profissional é fundamental para antecipar essas situações. Acompanhando de perto o comportamento dos inquilinos, monitorando os preços de mercado e tomando decisões informadas, o gestor evita prejuízos como esses. O foco não está apenas em reagir a problemas, mas em prevenir que eles aconteçam.
Um exemplo dessa abordagem envolve o acompanhamento de manutenções periódicas de elementos essenciais dos imóveis, como telhados, filtros e elevadores. A falta de cuidados regulares pode comprometer o valor do ativo ao longo do tempo, muitas vezes sem que o proprietário perceba. A gestão eficiente pode identificar esses problemas antes que se tornem graves e custosos.
O diferencial de uma abordagem especializada é transformar cada oportunidade de negócio em uma vantagem, fundamentada em dados e análises contínuas, permitindo que o proprietário não apenas sobreviva no mercado, mas que veja seu patrimônio crescer. Em resumo, a gestão profissional de imóveis visa maximizar a rentabilidade e preservar o valor dos ativos no longo prazo.
Julia Botelho é CEO da matchpoint