Estacionamentos se tornam parte relevante na receita de ativos imobiliários

Soluções de tecnologia e gestão aumentam rentabilidade para proprietários de hotéis, shoppings, escritórios e aeroportos

30 de junho de 2025Mercado Imobiliário
Por Henrique Cisman

Que o estacionamento é essencial para o usuário, todos sabemos. Quem nunca foi a um shoppinhg center, escritório ou aeroporto? E se do ponto de vista da oferta o estacionamento é algo mandatório, por que não torná-lo uma fonte adicional de receita? É isso que muitos proprietários de ativos fazem, mas nem todos conseguem rentabilizar os estacionamentos de modo eficiente e, ao mesmo tempo, satisfatório para o cliente.

"Ainda existe uma visão do estacionamento como algo simples e até marginal, mas nele residem muitas oportunidades para rentabilizar os empreendimentos", afirma Marcelo Nunes, vice-presidente da Indigo, em conversa exclusiva com o GRI Institute Brazil.

De origem francesa, a Indigo é líder mundial em gestão de estacionamentos, mobilidade individual e serviços associados. Presente em 10 países e mais de 580 cidades, a companhia conta com cerca de 10 mil colaboradores em sua operação global e administra mais de 2,7 mil estacionamentos, ou 1,7 milhão de vagas. No Brasil, é responsável pela operação do Aeroporto Internacional de Guarulhos, do Hospital Israelita Albert Einstein e do Parque do Ibirapuera, dentre outros.

Segundo Nunes, a gestão de estacionamentos vai muito além do simples controle de entrada e saída de veículos. O foco da Indigo está em ativos comerciais, como hotéis, shopping centers, parques, centros de eventos, universidades e aeroportos.

Segmentação por tipo de cliente e operação "clean"

Entre os principais diferenciais, conforme explica Nunes, está a segmentação de vagas, que permite otimizar a rentabilização dos espaços sem grandes intervenções físicas. "É possível aplicar tarifas diferenciadas por tipo de vaga ou localização, elevando a experiência do cliente ao mesmo tempo em que ampliamos a receita dos proprietários parceiros", afirma o executivo.

Outro destaque é a gestão remota por meio do ConnecPark, considerada a maior central de controle de estacionamentos do Brasil. A estrutura permite o monitoramento em tempo real e a operação remota de dispositivos como cancelas, iluminação e portões, além de oferecer atendimento por vídeo e interfonia integrada.

No portfólio de soluções, também consta uma ferramenta de predição de receitas que utiliza dados de ocupação, comportamento de fluxo, monitoramento de preços da concorrência e até previsões meteorológicas ou de voos - no caso de aeroportos - para apoiar decisões estratégicas de precificação.

Já o Indigo Analytics complementa todo esse ecossistema realizando uma análise detalhada do perfil dos clientes a partir da leitura das placas veiculares. Nunes pontua que a prática é anonimizada e está em conformidade com a LGPD. Em resumo, a empresa coleta informações sobre veículos e seus proprietários, gerando dados sobre renda média, preferências de marcas, instituições financeiras utilizadas, pontos de origem e perfil de consumo.

"No final do dia, esse conjunto de soluções contribui diretamente para a rentabilidade dos ativos ao maximizar o uso das vagas disponíveis, otimizar a operação e implementar uma precificação inteligente", ressalta o VP da Indigo.

Um exemplo prático mencionado é a utilização de tarifas dinâmicas no Aeroporto de Fortaleza, onde os preços são ajustados conforme a ocupação, o tempo de permanência e até o perfil do público, incentivando estadias mais longas e compras antecipadas por meio da plataforma Indigo Neo, além de melhorar a previsibilidade de fluxo no estacionamento.

Compromisso com a sustentabilidade

Líder em ações de sustentabilidade no setor de estacionamentos, a Indigo foi pioneira no Brasil ao lançar a campanha “Amigo da Floresta” em parceria com a ONG Iniciativa Verde, permitindo que os usuários doem R$ 1 no pagamento do ticket, com 100% do valor revertido para o plantio de árvores no Sistema Cantareira. Além disso, 10% das vagas de cada nova operação são destinadas ao plantio de árvores, promovendo a compensação local das emissões.

Globalmente, o grupo estabeleceu o programa “Go for Climate” com o objetivo de atingir a neutralidade de carbono até 2025. A iniciativa prevê a redução das emissões de gases de efeito estufa em todas as etapas da operação.

Outro projeto relevante é o de reciclagem e upcycling de uniformes. Em parceria com as empresas Musa e Ciclo Reverso, a Indigo transforma resíduos têxteis em novos produtos, como ecobags.

Sem revelar números do guidance, Nunes afirma que a empresa deseja expandir sua presença no Brasil em mercados estratégicos nos quais é referência, como hotéis, prédios de escritórios, shoppings, hospitais, aeroportos, parques e centros de eventos.