
Self storage pode ser a solução para espaços ociosos de ativos imobiliários
Accor estuda possibilidade de implantar serviço nos hotéis da rede
O self storage, espaços de armazenagem de bens e mercadorias destinados a pessoas físicas e jurídicas, é uma das poucas atividades que cresceram com a pandemia. Em alguns casos, inclusive, tem sido a solução para espaços ociosos de ativos imobiliários como shopping centers, hotéis, escritórios e galerias comerciais.
De acordo com Mariane Wiederkehr, CEO da GuardeAqui, 2020 foi o melhor ano da história da companhia, tanto em termos de valor do aluguel por metro quadrado quanto de ocupação e área líquida locada. A executiva aponta um vetor para a ascensão do negócio.
"Fomos positivamente impactados pela mudança no estilo de vida das pessoas, que passaram a ficar mais tempo nos seus lares e viram no self storage uma solução para a falta de espaço", cita Wiederkehr, referindo-se à nova rotina imposta pelo isolamento social.
Atualmente, as pessoas físicas representam aproximadamente 70% da base de clientes da GuardeAqui, sendo os demais 30% representados por empresas. Nesta segunda ponta, o segmento foi impulsionado pelo crescimento do comércio eletrônico, assim como ocorreu com os galpões logísticos.
"Passamos a ter um percentual maior de clientes ligados ao e-commerce. Hoje, são cerca de 350 operações neste nicho, entre last-mile e dark stores", revela Wiederkehr. Sobre a ascensão do self storage no Brasil, a executiva também enaltece o período de maturação do negócio, que aos poucos vem se tornando mais conhecido.
Diferentemente da brasileira GuardeAqui, fundada em 2005 e controlada pelos fundos Pátria Investimentos e Equity International, a M3storage foi criada no Chile e se expandiu para Colômbia, México e Brasil, onde chegou em 2019. Mesmo sendo recente, a empresa já sente os efeitos positivos no mercado brasileiro de self storage e tem crescido aproximadamente 15% ao mês no país, segundo Luciano Menezes, country manager da M3storage no Brasil.
Além dos aspectos citados anteriormente, Menezes entende que o coworking pode ser uma excelente fonte de renda para o self storage. "É uma tendência que veio para ficar e provavelmente as empresas vão fornecer um vale-coworking. Nestes locais, porém, há falta de espaço para armazenar arquivos e outras coisas", diz o executivo.
A M3storage também aposta na implantação de tecnologia no modelo self storage. A companhia exibe o local e o preço de cada box através de um mapa interativo e permite que o locatário abra ou feche o espaço através de seu aplicativo, não necessitando de funcionários na operação local.
Solução para espaços ociosos
Outra particularidade da empresa é implantar o seu sistema em espaços desocupados de prédios corporativos, shopping centers, imóveis de varejo e hotéis. "Vamos até esses ativos, montamos os boxes, colocamos uma fechadura eletrônica ligada à nossa plataforma e o local está pronto para uso", afirma Menezes.
Unidade da M3storage no Carrefour Santo Amaro, São Paulo. Crédito: M3storage
"Para o setor de real estate, é uma solução interessante e escalável", acrescenta o principal executivo da M3storage no Brasil. Abel Castro, vice-presidente sênior de Desenvolvimento de Novos Negócios da Accor Live Limitless na América do Sul, revela que a rede tem estudado a possibilidade.
"Estamos nas melhores localizações das cidades, temos segurança, atendimento 24 horas por dia e atualmente apresentamos espaços ociosos. Ou seja, podemos atuar nesse segmento. É uma tendência que pode perdurar", garante Castro.
A M3storage, por exemplo, já fez parcerias para a utilização de imóveis do Carrefour, Pão de Açúcar, BR Properties, Telhanorte, Shopping D&D, Novotel e Centro Empresarial de São Paulo (Cenesp), entre outros.
Atualmente presente em São Paulo, Osasco, Guarulhos, Cotia, São Bernardo do Campo e Sorocaba, além de Curitiba e Rio de Janeiro, a empresa pretende expandir a sua atuação. "Temos 26 operações no Brasil, mas até o final deste ano devemos chegar a 50, no mínimo", assegura Menezes.
Enquanto isso, a GuardeAqui tem unidades em São Paulo, Campinas, Jundiaí, Ribeirão Preto e Santos, em território paulista, e no Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte e Brasília, em outros estados. "A gente é o maior player de self storage do Brasil", declara Wiederkehr.
Unidade da GuardeAqui em Santo Amaro, São Paulo. Crédito: GuardeAqui/Facebook
A empresa utiliza uma estratégia diferente da M3storage, contando com 100% das unidades próprias. Sobre a possibilidade de utilizar espaços ociosos de outros ativos para oferecer o self storage, a CEO da GuardeAqui alerta para os riscos jurídicos.
"Existem alguns empecilhos para estruturar essa operação de forma regular. Portanto, é imprescindível entender a legislação urbanística de cada praça", finaliza Wiederkehr.
Por Daniel Caravetti