Adobe StockTransbordamento da demanda redesenha o mapa corporativo de São Paulo
Segundo a JLL Brasil, esgotamento da Faria Lima acelera expansão e valorização das regiões vizinhas
4 de novembro de 2025Mercado Imobiliário
Principais Insights
- O transbordamento de demanda do mercado corporativo, provocado pela maturidade e escassez de espaços na Faria Lima, impulsiona a expansão para novas áreas, garantindo o dinamismo e a constante reinvenção de São Paulo.
- A Nova Faria Lima consolidou-se como novo epicentro, com edifícios modernos, vacância de apenas 6,2% e alta de quase 50% nos preços, enquanto Itaim e JK passaram a compartilhar o protagonismo com valores acima de R$ 280/m².
- A Avenida Rebouças emergiu como novo eixo corporativo, reduzindo a vacância de 29,9% para 14,8% e atraindo ocupantes de setores diversos.
Por Yara Matsuyama e Rafael Calvo
Sempre que um eixo corporativo atinge maturidade, com vacância baixa e valores elevados, a pressão sobre o mercado empurra as empresas para regiões vizinhas. É um movimento natural de transbordamento, que redistribui a procura e provoca ondas de valorização em todo o entorno.
Hoje, esse efeito é mais visível do que nunca, irradiando a partir da Faria Lima e da Nova Faria Lima.
A Faria Lima, tradicional cartão-postal do mercado de escritórios, vive um momento de espaço raro. A taxa de vacância recuou para 12,8% no início de 2025, menor patamar desde a pandemia, e manteve os preços em torno de R$ 178/m².
Para muitas empresas, estar ali é mais do que uma questão de endereço, é sinônimo de prestígio, proximidade com clientes e acesso ao coração financeiro da cidade. Só que, diante da escassez, nem todos conseguem cravar sua bandeira neste território.
É nesse contexto que a Nova Faria Lima ganha protagonismo. Diferente da “vizinha tradicional”, concentra edifícios mais modernos, erguidos já sob novos padrões de eficiência e sustentabilidade.
Nos últimos quatro anos, a região viu a vacância cair de 11,3% para impressionantes 6,2% e os preços saltarem quase 50%, alcançando média de R$ 285/m². Quanto maior a área buscada, maior a dificuldade do ocupante de encontrá-la.
Mais do que os números, chama a atenção a velocidade das negociações: contratos fechados praticamente no valor pedido, algo raro em um mercado onde, tradicionalmente, os contratos costumam ser firmados com algum desconto e após longas negociações. Isso mostra a força da demanda e a confiança das empresas em ocupar o espaço.
O Itaim mais que dobrou seu valor pedido desde 2021, chegando a um preço médio de R$ 301/m² em 2025. A JK seguiu o mesmo caminho, avançando para R$ 282/m².
Esse patamar as coloca em disputa direta com os principais polos da cidade, um cenário bem diferente de poucos anos atrás, quando ainda apresentavam preços significativamente mais baixos.
A Vila Olímpia vive uma realidade distinta. Apesar de estar ao lado dos grandes eixos, a região apresenta vacância mais estável e preços em ritmo moderado, próximos de R$ 150/m².
A maior concorrência entre empreendimentos segurou a valorização acelerada, mas ao mesmo tempo a manteve como uma opção estratégica: ainda é possível encontrar ali escritórios modernos, bem localizados e com custos mais competitivos, atraindo empresas que buscam equilíbrio entre qualidade e orçamento.
O efeito de transbordamento também já começa a reposicionar novos eixos na cidade. A Avenida Rebouças, que conecta a Faria Lima à Paulista, se consolidou como um dos endereços mais competitivos do mercado paulistano.
Antes detentora de famosas lojas de noivas, transformou-se em mais um eixo corporativo relevante da cidade. Em apenas três meses, a vacância local caiu de 29,9% para 14,8%, refletindo tanto a força da demanda quanto a qualidade dos empreendimentos disponíveis.
Com estoque de 51.825 m² e novas entregas previstas apenas a partir de 2026 - uma delas já pré-locada -, a tendência é de manutenção da pressão sobre os preços, que subiram 10% em um ano, alcançando o preço médio de R$ 160,47/m².
A diversidade de ocupantes também chama atenção: 34% do setor financeiro, 31% de serviços digitais, 14% de fumo e 7% de coworkings. Esse dinamismo fortalece ainda áreas vizinhas, como Pinheiros, Vila Madalena e Jardins, que já registram valores próximos e se apresentam como alternativas estratégicas diante do avanço da Rebouças.
Todos os números citados no artigo refletem valores médios do estoque de escritórios de alto padrão acompanhados pela JLL. É esse recorte que explica, por exemplo, por que o Itaim aparece hoje com um preço médio acima da Nova Faria Lima - é o resultado real das transações registradas no período, e não de percepções de mercado.
Hoje, o protagonismo é dividido entre Faria Lima e Nova Faria Lima, com o impacto positivo sentido no Itaim, JK, Vila Olímpia e, mais recentemente, na Rebouças. Amanhã, pode ser em outros bairros, já que a lógica do transbordamento segue alimentando o crescimento.
É esse movimento que mantém São Paulo como o maior e mais resiliente polo de escritórios da América do Sul. A cada ciclo, a cidade se reinventa, reequilibra sua geografia corporativa e confirma sua vocação para absorver a demanda das empresas que buscam estar no centro das decisões.
O transbordamento, que poderia ser visto como um desafio, é, na verdade, o motor que garante a vitalidade do mercado e a sua capacidade de seguir atraindo investimentos e negócios.
***
Você pode se interessar: GRI Escritórios 2026.
Sempre que um eixo corporativo atinge maturidade, com vacância baixa e valores elevados, a pressão sobre o mercado empurra as empresas para regiões vizinhas. É um movimento natural de transbordamento, que redistribui a procura e provoca ondas de valorização em todo o entorno.
Hoje, esse efeito é mais visível do que nunca, irradiando a partir da Faria Lima e da Nova Faria Lima.
A Faria Lima, tradicional cartão-postal do mercado de escritórios, vive um momento de espaço raro. A taxa de vacância recuou para 12,8% no início de 2025, menor patamar desde a pandemia, e manteve os preços em torno de R$ 178/m².
Para muitas empresas, estar ali é mais do que uma questão de endereço, é sinônimo de prestígio, proximidade com clientes e acesso ao coração financeiro da cidade. Só que, diante da escassez, nem todos conseguem cravar sua bandeira neste território.
É nesse contexto que a Nova Faria Lima ganha protagonismo. Diferente da “vizinha tradicional”, concentra edifícios mais modernos, erguidos já sob novos padrões de eficiência e sustentabilidade.
Nos últimos quatro anos, a região viu a vacância cair de 11,3% para impressionantes 6,2% e os preços saltarem quase 50%, alcançando média de R$ 285/m². Quanto maior a área buscada, maior a dificuldade do ocupante de encontrá-la.
Mais do que os números, chama a atenção a velocidade das negociações: contratos fechados praticamente no valor pedido, algo raro em um mercado onde, tradicionalmente, os contratos costumam ser firmados com algum desconto e após longas negociações. Isso mostra a força da demanda e a confiança das empresas em ocupar o espaço.
O impacto da expansão nas regiões vizinhas
O transbordamento, porém, não para por aí. Sem espaço suficiente nem na Faria Lima nem na Nova Faria Lima, o movimento segue em direção ao Itaim e à JK. Essas regiões, que já eram consolidadas, passaram a absorver um volume maior de procura, com reflexo direto nos preços.O Itaim mais que dobrou seu valor pedido desde 2021, chegando a um preço médio de R$ 301/m² em 2025. A JK seguiu o mesmo caminho, avançando para R$ 282/m².
Esse patamar as coloca em disputa direta com os principais polos da cidade, um cenário bem diferente de poucos anos atrás, quando ainda apresentavam preços significativamente mais baixos.
A Vila Olímpia vive uma realidade distinta. Apesar de estar ao lado dos grandes eixos, a região apresenta vacância mais estável e preços em ritmo moderado, próximos de R$ 150/m².
A maior concorrência entre empreendimentos segurou a valorização acelerada, mas ao mesmo tempo a manteve como uma opção estratégica: ainda é possível encontrar ali escritórios modernos, bem localizados e com custos mais competitivos, atraindo empresas que buscam equilíbrio entre qualidade e orçamento.
O efeito de transbordamento também já começa a reposicionar novos eixos na cidade. A Avenida Rebouças, que conecta a Faria Lima à Paulista, se consolidou como um dos endereços mais competitivos do mercado paulistano.
Antes detentora de famosas lojas de noivas, transformou-se em mais um eixo corporativo relevante da cidade. Em apenas três meses, a vacância local caiu de 29,9% para 14,8%, refletindo tanto a força da demanda quanto a qualidade dos empreendimentos disponíveis.
Com estoque de 51.825 m² e novas entregas previstas apenas a partir de 2026 - uma delas já pré-locada -, a tendência é de manutenção da pressão sobre os preços, que subiram 10% em um ano, alcançando o preço médio de R$ 160,47/m².
A diversidade de ocupantes também chama atenção: 34% do setor financeiro, 31% de serviços digitais, 14% de fumo e 7% de coworkings. Esse dinamismo fortalece ainda áreas vizinhas, como Pinheiros, Vila Madalena e Jardins, que já registram valores próximos e se apresentam como alternativas estratégicas diante do avanço da Rebouças.
Todos os números citados no artigo refletem valores médios do estoque de escritórios de alto padrão acompanhados pela JLL. É esse recorte que explica, por exemplo, por que o Itaim aparece hoje com um preço médio acima da Nova Faria Lima - é o resultado real das transações registradas no período, e não de percepções de mercado.
O transbordamento como motor de crescimento
Esse efeito cascata é o que garante dinamismo ao mercado corporativo de São Paulo. Não se trata apenas de números, mas da capacidade da cidade de criar novas centralidades sempre que uma região atinge seu limite.Hoje, o protagonismo é dividido entre Faria Lima e Nova Faria Lima, com o impacto positivo sentido no Itaim, JK, Vila Olímpia e, mais recentemente, na Rebouças. Amanhã, pode ser em outros bairros, já que a lógica do transbordamento segue alimentando o crescimento.
É esse movimento que mantém São Paulo como o maior e mais resiliente polo de escritórios da América do Sul. A cada ciclo, a cidade se reinventa, reequilibra sua geografia corporativa e confirma sua vocação para absorver a demanda das empresas que buscam estar no centro das decisões.
O transbordamento, que poderia ser visto como um desafio, é, na verdade, o motor que garante a vitalidade do mercado e a sua capacidade de seguir atraindo investimentos e negócios.
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Você pode se interessar: GRI Escritórios 2026.