Radar de Mercado: Setor movimenta R$ 697 bilhões no mercado de capitais

Em paralelo, vendas de novos imóveis recua, lançamentos avançam e mercado de FIIs entra em cenário incerto

21 de novembro de 2025Mercado Imobiliário
Escrito por:Isabella Toledo
Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o mercado imobiliário brasileiro movimentou R$ 697 bilhões em instrumentos listados nos últimos 12 meses, um crescimento de 7,5% em relação ao ano anterior. 

Os fundos imobiliários (FIIs) e os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) representaram mais de 88% desse montante, com o patrimônio dos FIIs alcançando R$ 370 bilhões e o estoque de CRIs chegando a R$ 245 bilhões.

Paralelamente, os indicadores de vendas mostram o impacto direto do ciclo prolongado de juros elevados, de acordo com levantamento da Brain Inteligência Estratégica.

No terceiro trimestre, as vendas de imóveis novos recuaram 6,5%, com queda ainda mais acentuada no crédito SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), onde as vendas diminuíram 30,7% e os lançamentos, 18,1%. 

Apesar disso, os lançamentos totais avançaram 1,6%, alcançando 108,8 mil unidades no período e elevando o estoque nacional para 312,5 mil unidades. 

O Minha Casa Minha Vida segue como motor relevante, respondendo por 44% das vendas no país.

Em conjunto, os números mostram um setor pressionado pelos juros, mas sustentado por lançamentos resilientes e por uma estrutura de financiamento cada vez mais robusta.
 

Fundos imobiliários: consolidação ou desaceleração?

 

Depois de anos marcados por forte expansão e pela entrada massiva de investidores pessoa física, o ritmo de crescimento dos fundos imobiliários desacelerou de forma evidente. 

Entre 2019 e 2025, o número de cotistas subiu de 645 mil para 2,87 milhões, mas 2025 registra o avanço mais lento desde a popularização dos FIIs. 

A concorrência da renda fixa, os juros elevados e o comportamento de curto prazo do investidor ajudam a explicar a menor entrada de novos participantes, embora cerca de 100 mil CPFs tenham ingressado neste ano.

Ao mesmo tempo, a indústria -  agora com mais de R$ 300 bilhões em patrimônio - parece caminhar para uma fase de consolidação. 

Fundos menores enfrentam maior pressão de custos, liquidez reduzida e portfólios concentrados, enquanto os maiores ganham eficiência, crédito mais barato e capacidade de diversificação mais ampla. 

O resultado é um movimento crescente de fusões e incorporações, que tende a reduzir o número total de veículos, mas ampliar a robustez dos que permanecem.

As captações somam R$ 42,9 bilhões até novembro de 2025, praticamente repetindo os R$ 44,6 bilhões do ano anterior, o que sugere continuidade do fluxo de recursos para a classe. 

O IFIX reflete um cenário misto: mesmo com duas sessões seguidas de leve queda, mantém alta de 0,62% no mês e 16,03% no ano.

O que se observa é uma indústria que continua relevante, mas que opera sob novas dinâmicas e cujo futuro dependerá da capacidade de adaptação diante de um ambiente econômico mais desafiador e de um investidor cada vez mais seletivo.

Giro corporativo: principais movimentações do setor 

 

Tokenização chega no MCMV: A Versi lançou um token de renda fixa digital no Mercado Bitcoin para captar R$ 13 milhões e financiar empreendimentos do Minha Casa Minha Vida, com lastro em um portfólio de R$ 4,9 bilhões em VGV. 

Acesso para carros dentro do apartamento? A construtora catarinense Beco Castelo registrou no INPI o sistema Park Haus, que permite ao morador acessar o apartamento diretamente de carro por rampas internas em cada pavimento. O conceito, inédito no país, receberá investimento de R$ 1,1 bilhão em três projetos em Florianópolis e garante à empresa 20 anos de exploração exclusiva e potencial cobrança de royalties. 

Pátria negocia FIIs da RBR Asset: O Pátria está na reta final de negociação para adquirir os fundos imobiliários listados da RBR Asset, que somam cerca de R$ 6,5 bilhões em patrimônio líquido. A transação é estimada em R$ 400 milhões, com múltiplo de 6% do AUM.

Deal travado entre Cyrela x Tecnisa: A Cyrela reportou lucro líquido de R$ 609 milhões no 3T25, impulsionada pela venda de ações da Cury e lançamentos de R$ 3,4 bilhões em VGV. Em paralelo, a Tecnisa decidiu não prosseguir com a operação de vendas que poderia chegar a R$ 510 milhões, o que pode afetar o landbank projetado da Cyrela para 2026. 

Hedge vira sócia da Multiplan: Multiplan e Hedge firmaram memorando para que o FII HGBS11 compre 20% do ParkShopping São Caetano por R$ 237 milhões, marcando a entrada da administradora no portfólio do fundo. A venda implica cap rate estimado em 8% e contribui para reciclagem de portfólio.