Financiamento imobiliário impulsiona crescimento no interior de São Paulo

Expansão da infraestrutura e diversificação de funding abrem espaço para CRIs, parcerias híbridas e modelos de retrofit na região

13 de outubro de 2025Mercado Imobiliário
por Isabella Toledo

O mercado imobiliário no interior de São Paulo tem se destacado como uma das regiões de maior crescimento e resiliência do país. Em um encontro promovido pelo GRI Institute, líderes analisaram como o setor está superando desafios no financiamento e acesso ao capital, com soluções inovadoras como CRIs, parcerias híbridas e modelos de retrofit.

Oportunidades em destaque

A região metropolitana de Campinas, por exemplo, registrou a venda de 7.031 imóveis no primeiro semestre de 2025, superando os 6.381 imóveis vendidos na região metropolitana de São Paulo, que possui uma população aproximadamente 8,6 vezes maior. 

Esse desempenho expressivo reflete o impulso que a região está recebendo devido a melhorias significativas na infraestrutura, como o desenvolvimento do entorno do aeroporto de Viracopos e a chegada do trem, conectando Campinas a São Paulo. Essas melhorias têm o potencial de gerar uma cadeia de negócios que impulsiona ainda mais o setor imobiliário local. 

Outro fator relevante é o retrofit, que tem ganhado força em cidades maiores como Campinas e Ribeirão Preto. Embora ofereça uma margem de lucro atraente e seja bem-visto por investidores em busca de rendimentos seguros, o retrofit também enfrenta desafios, como custos elevados de condomínio e dificuldades nas vendas após a requalificação.

Além disso, a diversificação de produtos tem sido essencial para o crescimento do mercado imobiliário na região. Os setores de loteamentos e imóveis comerciais têm se expandido em cidades de médio porte, atendendo à crescente demanda por novos empreendimentos e espaços de trabalho de alto padrão, refletindo as novas dinâmicas do mercado.

Desafios no acesso ao capital

O acesso ao capital continua a ser um dos principais desafios para o mercado imobiliário no interior de São Paulo, especialmente diante da crescente demanda por novos projetos e infraestrutura. 

A redução no volume de crédito disponível - particularmente no Plano Empresário, que sofreu uma queda de 48% nos recursos - tem sido um dos principais obstáculos enfrentados pelos incorporadores. Como resultado, muitos têm optado pela emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) como alternativa de financiamento.

Embora essa estratégia tenha mostrado eficácia, também tem gerado pressão, especialmente para incorporadores de menor porte, que frequentemente não estão totalmente preparados para lidar com as complexidades do mercado de capitais e com as crescentes exigências de governança e transparência. 

O aumento da seletividade dos investidores reflete essa realidade, com uma clara preferência por CRIs lastreados em obras em andamento ou projetos com alto percentual de vendas consolidadas, além de operações divididas em várias tranches, permitindo maior acompanhamento do progresso dos empreendimentos e garantindo que os recursos não sejam desperdiçados em projetos de risco.

Com a redução gradual da taxa Selic, a expectativa é que o mercado comece a se reaquecer, proporcionando uma recuperação gradual no acesso ao capital. Contudo, enquanto os juros permanecerem elevados, muitos incorporadores têm preferido postergar lançamentos ou ajustar seus planos de acordo com o novo cenário econômico.

Alternativas inovadoras de financiamento 

O setor tem presenciado o surgimento de novas formas de parcerias entre incorporadores e fundos imobiliários, com destaque para o modelo híbrido, que combina financiamento bancário com capital de mercado. 

Esse modelo permite que os incorporadores obtenham financiamento adicional enquanto os investidores têm acesso a um portfólio diversificado de produtos e ativos, ampliando as opções de investimento e flexibilidade no financiamento.

Outra tendência é o uso de permutas e produtos de giro de estoque, estratégias que possibilitam aos incorporadores levantar capital de forma mais eficiente, sem recorrer à emissão excessiva de dívida. Esse modelo é especialmente útil em projetos de menor escala, onde o financiamento bancário convencional tem se tornado mais restrito.

Em um cenário de transformação, os incorporadores precisam se adaptar a um novo modelo de operação, com foco no planejamento estratégico, maior rigor financeiro e gestão eficiente dos recursos. Essa adaptação não só garantirá o acesso ao capital, mas também a sustentabilidade e o sucesso dos empreendimentos a longo prazo.

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Participe do GRI Funding Opportunities Brazil 2025, que acontece em 23 de outubro em São Paulo. O fórum reunirá investidores, financiadores e líderes do setor para debater soluções inovadoras e diversificadas para financiamento imobiliário.