Como altas taxas de juros refletem no mercado imobiliário brasileiro

Kátia Araújo, Head de Real Estate da Wiz Corporate, analisa o papel do seguro em um cenário de financiamento restrito

2 de outubro de 2025Mercado Imobiliário
Por Kátia Araújo 

O mercado imobiliário brasileiro sempre esteve diretamente ligado ao custo do dinheiro. Em um cenário de Selic a 15%, os efeitos dessa relação se tornam ainda mais evidentes: o encarecimento do crédito, a retração no consumo, uma maior seletividade dos investidores e a dificuldade crescente no acesso ao funding.

De um lado, incorporadoras e construtoras enfrentam o aumento dos custos de financiamento, o que impacta diretamente a precificação de terrenos, insumos e as margens de rentabilidade. 

Do outro, os consumidores, pressionados pelo crédito mais caro, tendem a reduzir sua propensão à compra, o que resulta em ciclos de venda mais longos e na ampliação da necessidade de capital de giro.

Para fundos de investimento imobiliário e outros players que dependem de estruturações financeiras mais complexas, a escassez de funding se torna mais acentuada. O capital se torna mais restrito, exigindo garantias mais robustas e mecanismos de proteção para reduzir a percepção de risco junto aos financiadores e investidores.

É nesse cenário que a indústria de seguros pode desempenhar um papel estratégico. Além da proteção contra sinistros, o seguro pode ser utilizado como uma ferramenta para mitigação e transferência de riscos, viabilizando a execução de projetos que, de outra forma, poderiam ser mais difíceis de estruturar.

Alguns exemplos de como o seguro pode atuar nesse contexto incluem:
  • Seguros de performance e garantias contratuais: oferecem segurança a investidores e contratantes quanto à execução das obras, reduzindo o risco de inadimplemento.
  • Seguros de riscos de engenharia: protegem o empreendimento contra imprevistos durante a execução, preservando o fluxo financeiro do projeto. 
  • Seguros garantia para operações financeiras: podem substituir ou complementar cartas de fiança bancária, facilitando o acesso ao crédito e liberando capital.
  • Instrumentos de risco de crédito imobiliário: contribuem para a estruturação de operações no mercado de capitais, trazendo previsibilidade para os investidores. 
Dessa forma, o seguro pode atuar como um facilitador no processo de financiamento, ajudando a transformar riscos em ativos gerenciáveis e trazendo maior confiança para os envolvidos na cadeia imobiliária.

Em um cenário macroeconômico desafiador, a indústria de seguros desempenha um papel estratégico, oferecendo proteção e eficiência para a estruturação e continuidade de projetos imobiliários, além de aumentar a segurança jurídica e atratividade para investidores, apoiando o crescimento sustentável do mercado brasileiro.