COP 30: Termômetro do GRI antecipa expectativas do setor de infraestrutura

Para a COP 30, pesquisa do GRI Institute mostra esperança com avanços em financiamento climático, mas também ceticismo

28 de outubro de 2025Infraestrutura

O setor de infraestrutura e energia se apresenta dividido sobre os impactos da COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes), a ser realizada em Belém em novembro. Esse é um dos destaques da nova edição do Termômetro do GRI Infra. A pesquisa do GRI Institute, realizada junto a 50 dos principais líderes do mercado entre os dias 30 de setembro e 17 de outubro, será divulgada na sua íntegra em breve. 

A sondagem mostra que há uma grande esperança de que o evento traga avanços concretos no financiamento climático internacional (48%) e reforce o protagonismo do País como líder climático (46%). Entretanto, verifica-se, ao mesmo tempo, um ceticismo intenso, externalizado pela expectativa de pouco impacto prático nos negócios apontada por 44% dos ouvidos.


Fonte: GRI Institute 

Análise do GRI Institute

Os resultados do Termômetro do GRI se mostram concentrados em três grandes blocos quase idênticos em tamanho: a esperança no financiamento (48%) e no protagonismo (46%), mas também um forte ceticismo (44%). Uma das formas de interpretar esses dados é pela tensão entre o que o setor deseja e o que acredita que de fato vá acontecer.

Fica patente nas respostas uma visão eminentemente pragmática do evento em Belém. A demanda mais direta é de avanços no financiamento climático (48%). O setor precisa de capital para viabilizar a continuidade da transição energética e para arcar com os custos de adaptação a fenômenos climáticos cada vez mais intensos e frequentes. A expectativa é de que a COP30 ajude a destravar o acesso a fundos internacionais, composições de blended finance e outros mecanismos que tornem os projetos ‘verdes’ cada vez mais economicamente viáveis.

O protagonismo do Brasil como hub de energias limpas (46%) é o lado estratégico dessa mesma moeda. A COP30 pode ajudar a solidificar a imagem do País como destino seguro e prioritário de investimentos internacionais a iniciativas de baixo carbono, reduzindo o custo de capital e aumentando a atração de investidores.

Em contraponto direto, a terceira resposta mais votada - pouco impacto prático nos negócios (44%) - revela uma descrença profunda, quase do mesmo tamanho da esperança. A pouca fé pode ser interpretada como a voz de líderes que já viram outras COPs resultarem em grandes pronunciamentos, porém com baixo efeito tangível em contratos, licenças e estruturação de project finance. Esse dado da pesquisa sinaliza que o setor não se impressiona apenas com diplomacia. Acreditará na mudança quando ela se traduzir em alterações práticas no ambiente de negócios. O ceticismo é um recado claro: promessas sem mecanismos de implementação são pouco determinantes para a decisão de investir.

A COP30 estará em pauta na agenda do GRI Institute também no Brazil GRI Infra & Energy 2025, que acontece nos dias 6 e 7 de novembro em Sâo Paulo. Saiba mais sobre o evento aqui

O Termômetro do GRI

O Termômetro do GRI Infra nasceu em 2016, com uma missão clara: ser um indicador que afere a temperatura do mercado de infraestrutura e energia, a partir de pesquisa que capta a percepção dos seus principais decisores sobre o ambiente regulatório e de negócios, o apetite para investimentos e os segmentos considerados mais atrativos. 

Ao longo dos anos, a ferramenta manteve seu propósito e, agora em 2025, o GRI Institute Infrastructure dá novos passos. Nos últimos meses, o Instituto passou a realizar edições especiais da sondagem em encontros de seu ecossistema, caso do GRI Infra Minas 2025, do Latam GRI Infra & Energy 2025 e do GRI Data Center 2025, para mensurar a visão dos players sobre questões específicas em análise durante essas ocasiões. Além disso, adicionou análises à divulgação dos resultados. Neste final de ano, entra em campo mais uma novidade: a reformulação do Termômetro do GRI Infra no seu formato tradicional, para se tornar, adicionalmente a um detector de tendências, instrumento de mobilização de políticas públicas.